1ºCAPÍTULO-Vol-1

Você pode conferir "de graça" o primeiro capítulo do
Volume 1 da Trilogia "O Híbrido"  
UMA AVENTURA NO ATLÂNTICO



Autor: Márcia de Oliveira
Editora: Baraúna
Gênero: Romance, Aventura, ficção.
Páginas: 364
ISBN: 9788579232916
Formato: 14x21











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Capa
Projeto Gráfico
Tatyana Araujo
Revisão
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
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O48u

Oliveira, Márcia Maria Almeida de
    Uma aventura no atlântico / Márcia Maria Almeida de Oliveira. - São
Paulo : Baraúna, 2011.

    ISBN 978-85-7923-291-6

    1. Ficção brasileira. I. Título.
11-1122.                           CDD: 869.93
                                        CDU: 821.134.3(81)-3
25.02.11   28.02.11                                                                                     024802
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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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CEP 04547-020 Vila Nova Conceição São Paulo SP
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Uma Aventura no Atlântico

Capítulo 1

Encontrando a cobaia perfeita

       Numa tranquila e pacata cidade litorânea banhada pelo oceano Atlântico, localizada no sul do Brasil, Dr. Rômulo Dumond Ventura, cientista e médico especializado em medicina genética, encontrava-se em seu laboratório situado no porão de sua mansão fazendo algumas anotações em seu diário. Era tarde de sábado.
        O laboratório era grande, tinha vários equipamentos sofisticados e de última geração. Havia em vários cantos do cômodo algumas pequenas jaulas onde alguns animais habitavam, desde pequenos ratos, camaleões e cobras até um enorme tanque onde nadavam algumas espécies aquáticas.
       Dr. Rômulo era um médico aposentado prematuramente por problemas de saúde, beirava os 48 anos de idade, alto, magro e com cabelos lisos e grisalhos. Tinha olhos azuis e o nariz desenhado em um rosto que nos tempos de juventude fazia bater forte o coração de qualquer garota. Continuava belo, porém tinha uma expressão de tristeza no rosto bastante cansado pelo tempo.
       Nas paredes do laboratório existiam vários diplomas e medalhas. Numa prateleira localizada no canto esquerdo do aposento havia vários troféus e placas comemorativas, decorrentes de prêmios conquistados no campo da ciência e da pesquisa genética. Ele era um médico reconhecido internacionalmente no ramo científico.
       No entanto, sua brilhante carreira foi interrompida depois de um trágico acidente de barco ocorrido há onze anos, no auge dos seus 37 anos, onde perdera seu único filho, que na época tinha oito anos. Atravessou por uma fase difícil, quase sofrera um infarto e passou por uma cirurgia de ponte safena que o obrigou a se afastar de seu ofício por um longo período, conforme aconselhamento médico. Sua ocupação estava aos poucos voltando à ativa. Voltou a dar consultoria científica a um famoso laboratório europeu e acabara de adquirir uma grande rede de laboratórios farmacêuticos.
       A cena do trágico acidente que resultou na morte do seu filho, nunca lhe saiu da cabeça: via seu filho preso nas ferragens do barco lhe implorando socorro, ele tentando a todo custo socorrê-lo em vão, usando suas últimas forças sem sucesso. Quase morreu afogado na época. Maldita hora que ele convenceu o filho a acom-
panhá-lo naquela maldita pescaria que terminou em tragédia. Afinal, era seu único e adorado filho.
       “Por quê? Sempre se perguntava. “Por que Deus levou o meu filho e não a mim?”.
       Apesar de já ter se passado onze anos, e já ter recebido alta dos médicos, a lembrança da tragédia continuava viva em sua memória.
       Dedicou-se desde então a pesquisas e experiências genéticas, realizadas no laboratório particular de sua casa nas suas horas de folga. Usando seu próprio material genético, criou embriões geneticamente modificados com a estrutura do DNA alterados.

       Diário da Experiência:

       Hoje faz exatamente 10 anos, um mês e cinco dias desde as primeiras pesquisas e experiências para mapear o genoma do DNA. Finalmente depois de várias tentativas frustradas consegui criar um embrião geneticamente modificado perfeito. Depois de destruir os primeiros exemplares que haviam demonstrado defeito em sua estrutura. Alterei o DNA de um doador, consegui quebrar algumas ligações no mapa genético e adicionar genes de algumas espécies marinhas em seu genoma. Para isso, usei um óvulo da minha esposa e o fecundei in vitro com o meu próprio material genético modificado e alterado.
       O resultado originou um ser híbrido com características externas humanas, dotado de órgãos capazes de mantê-lo vivo sob um ambiente aquático e ao mesmo tempo terrestre. Um ser humano-mutante capaz de respirar embaixo d’água. O espécime terá ainda habilidade de adotar a cor do ambiente em que se encontra, usando o recurso da camuflagem do camaleão, um tipo de homocromia ativa, fazendo-se assim, invisível aos olhos humanos.
       O exemplar terá ainda um poder de gerar uma tensão
elétrica suficientemente alta capaz de paralisar uma pessoa. Esse novo exemplar terá ainda a força de um tubarão, a inteligência de um golfinho e os poderes de um peixe elétrico...
       Para que o embrião se desenvolva e evolua é necessário que seja implantado em um útero humano...

       Suas pesquisas nunca avançaram tanto como agora.
O embrião perfeito estava pronto, só precisava de um ambiente para se desenvolver e crescer. Precisava de uma cobaia humana, um útero saudável para ser implantado...
       — Rômulo querido! Desculpe interrompê-lo, mas
Dona Josefa está na cozinha esperando o pagamento da faxina e da lavagem de roupa da semana passada, você foi ao banco? — interrompeu Dóris sua esposa. Agora parada na porta de acesso do laboratório.
       Dóris era uma mulher bela, acabara de completar 44 anos, tinha cabelos pretos e olhos verdes. Era magra e de estatura média, foi em outros tempos atleta e competira em provas de natação. Formada em Educação física, chegou a dar aulas de natação no colégio São Caetano localizado no centro cidade, porém, desde a morte do seu filho, afastou-se das atividades para dar apoio ao marido por causa do infarto que sofrera na época do falecimento do seu filho. No ano seguinte ao acidente, Dr. Rômulo havia se submetido a uma cirurgia de ponte de safena e Dóris dedicou 100% do seu tempo na recuperação do marido, já tinha sofrido três abortos desde então, pois tinha uma disfunção no útero que dificultava o embrião de se formar e levá-la a uma gravidez até o final. Provara ser uma mulher de fibra apesar da delicadeza de suas feições. Não era de demonstrar fraqueza, superou mais fácil que o marido a perda do filho. Alimentava uma pequena esperança de ser abençoada com outro filho, no entanto, a cada aborto espontâneo que sofria frustrava suas expectativas e distanciava mais esse tão desejado sonho, seu relógio biológico insistia em avançar no tempo, aumentando a cada ano que passava as complicações e os riscos de uma nova gravidez.
       — Desculpe querida — respondeu Rômulo — Esqueci completamente, me perdoe. Porém, aqui na minha carteira tem algum dinheiro, acho que é suficiente para pagar Dona Josefa. Tome, veja se isso basta.
        Estendeu o dinheiro para a esposa.
       — É mais que o suficiente querido. Não se prenda por mim. Daqui a quarenta minutos vou servir o almoço, vê se desta vez não se atrasa.
       E saiu em direção a sala, onde Dona Josefa a aguardava.
       Dona Josefa era sua diarista, fazia faxina na casa da família Ventura há mais de 15 anos... era muito querida por Dóris e por Rômulo.
       Tinha os cabelos longos negros com alguns fios brancos amarrados em uma trança que lhe alcançava a cintura, era magra e baixa e tinha uma qualidade que conquistava todo mundo, era dona de um sorriso contagiante e de um humor eterno, do tipo da pessoa que vivia sempre sorrindo, a companhia perfeita para levantar qualquer astral. Era honesta, trabalhadora, otimista e nunca se queixava de nada, por mais difícil que fosse a situação, era quase impossível alguém não gostar da Dona
Josefa, tinha 34 anos.
       Morava com o marido Francisco que era pescador, em uma casa modesta localizada numa vila de pescadores próxima a praia, não muito distante da mansão. Trabalhava desde que casou aos 18 anos de idade, fazendo faxina em algumas casas e lavando roupas pra fora, possuía suas clientes fiéis e antigas, Dóris Ventura era uma de suas clientes favoritas, tinha muita consideração por ela.
       — Desculpe a demora Josefa, mais uma vez Rômulo
esqueceu-se de ir ao banco, mas não vou deixar você na mão. Aqui está seu pagamento. E o seu marido, como tem passado? — perguntou Dóris para Josefa.
       — O Chico vai muito bem, graças a Deus. Continua na lida da pescaria como sempre, um dia pesca muitos peixes, outro dia não consegue nada, e assim vamos levando. Vive me cobrando um filho, para lhe ajudar com os peixes, ele não tem ambição nenhuma sabia? Acho que nunca vou conseguir lhe dar um herdeiro, puxei a minha tia, irmã da minha mãe, ela morreu sem nunca ter tido um filho, sou seca igual a ela.
       — Então somos duas, Josefa.
       — Mas a senhora já sentiu o gosto da maternidade, eu sou diferente, nunca consegui engravidar. Já fiz tanta coisa para isso, contando ninguém acredita, cheguei a ficar por uma hora de cabeça pra baixo depois do sexo. Sabe o que consegui com isso, uma tremenda dor de cabeça, a senhora acredita?
       — Ah, ah, ah, ah! Você é maluca Josefa, não dá pra
Acreditar em tudo que o povo fala. Se você ainda não teve filhos é por que Deus não quis, seu dia ainda há de chegar, pode acreditar e ter fé, além do mais, você ainda é jovem, tem muito tempo pela frente.
       — Deus te ouça, dona Dóris, Deus te ouça. Bem, vou indo preparar o jantar do Chico, a senhora quer que eu venha amanhã? — perguntou Josefa.
       — Não será necessário, será meu aniversário de casamento e vou preparar um jantar bem romântico para Rômulo, vou por em prática meus dotes culinários. Basta vir na segunda-feira.
       — Então boa-sorte no seu jantar. Bom final de semana, então.
       — Bom final de semana e juízo viu? Não vai fazer nenhuma loucura.
       — Pode ficar tranquila, acho que tomar uma garrafada não é loucura, é?
       — Mas Josefa, já está inventando moda de novo. Bem,
sei que não adianta falar mais nada; então, boa-sorte com
sua garrafada, se der certo, eu vou querer também.
       Finalizou Dóris.

       No laboratório Rômulo estava escrevendo em seu diário quando lhe veio uma ideia fixa na cabeça, que o tirou totalmente a razão:
       “Isso, Dóris seria sua cobaia”. Estava tão cego, que nem pensou nos riscos que poderiam surgir. Tudo em nome da ciência. Dez anos de pesquisas, precisava ter um desfecho que compensasse todo seu sofrimento e dedicação, afinal, quem, melhor do que sua mulher, para gerar seu próprio filho. E Dóris queria tanto outro filho, não poderia ser tão ruim assim. Não pensou nos riscos nem consequências que sua decisão traria para sua esposa, naquele momento, ninguém seria capaz de mudar sua escolha, seu lado cientista falou mais alto, o cercou por todos os lados e o cegou.

       “Perfeito, resolvido, mas como o faria? Dóris não iria concordar. Mas ela não precisaria saber”. Como não soube quando ele recolheu alguns de seus óvulos anos atrás sem que ela percebesse. Dr. Rômulo estava cego diante de sua ambição e não conseguia enxergar nada além da sua experiência científica.
       Ele planejou tudo direitinho, seria no aniversário de casamento, comemorariam com um jantar íntimo a luz de velas, tomariam um bom vinho e teriam uma linda noite de amor juntos. Só precisaria saber a hora certa de colocar o sonífero na bebida da esposa para poder implantar o embrião em seu útero.
       Tudo saiu conforme planejado, e algum tempo depois o médico estava recebendo a notícia da gravidez “inesperada” de sua esposa. Eles comemoraram juntos em grande estilo, Dóris acreditou se tratar de um milagre de Deus, pois já havia perdido as esperanças de ter outro filho, nem imaginava que na realidade estava sendo cobaia do seu próprio marido.